Crônica do Leão – Pilatos & Samba no Céu

** As crônicas e colunas individuais, em caráter opinativo, refletem exclusivamente a opinião do autor.

A reunião que irá eleger a nova diretoria executiva do Villa Nova para o biênio 2025-2026 vai acontecer na noite da próxima segunda-feira, e infelizmente de forma preocupante para a grande maioria dos villanovenses, sabedores de que não existe consistência suficiente para que os possíveis eleitos venham a ter condições reais de montar uma estrutura profissional adequada, considerando o curto espaço de tempo entre a posse dos novos dirigentes e o início da participação do time no campeonato mineiro, única competição oficial garantida para o clube do Bonfim.

Vários foram os alertas que fizemos sobre a situação preocupante de distanciamento entre as partes nos últimos tempos, mas a teimosia e a falta de humildade acabaram impondo essa situação embaraçosa, pois qualquer que seja o grupo eleito para administrar a entidade, com toda certeza não terá condição de montar uma estrutura pelo menos aceitável para a disputa da competição, não sem a conivência, o apoio logístico, financeiro e até mesmo político do poder público municipal. E sendo assim, mais uma vez quem sofrerá as consequências será o torcedor alvirrubro da essência, aquele que ama o clube de verdade, que torce pelo sucesso do Leão de maneira espontânea, sem a inaceitável vaidade pessoal, essa empáfia de que alguém possa ser maior ou mais importante que o Villa Nova, entendendo de uma vez por todas que infelizmente o clube é totalmente dependente do apoio político na atualidade.

Essa bronca pode acabar rapidamente com a transformação do clube em uma SAF do futebol, e tem tudo pra acontecer, desde que haja entendimento entre as partes, a partir do momento que o grupo mais fraco aceite a realidade de enfraquecimento e tenha a humildade de entender a situação. Porque, se isso não acontecer, serão eles os responsáveis diretos pelo encerramento das atividades de uma entidade esportiva com 116 anos de existência. O pior de tudo é que depois que a “Vaca for pro Brejo” ou melhor, que o Leão for pro brejo, não vai adiantar nada, e o prejuízo será enorme, com um arrependimento eterno dos responsáveis por essa derrocada. Então é melhor pensar bem minha gente, estejam conscientes da responsabilidade que está na mão de vocês, quem avisa amigo é, e eu avisei incansavelmente, e agora lavo minhas mãos como fez Pôncio Pilatos.

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SAMBA NO CÉU

Chora Cuica, chora cavaco, também chora o tambor e o tamborim, o surdo e os outros instrumentos do samba, choram os parceiros da roda, os amantes da boa música, choram os botecos da vida, choramos todos nós, sem exceção, com a partida inesperada de um tocador e cantor sambista da melhor qualidade. Pandeirista de categoria inigualável e uma figura diferenciada, um autêntico cidadão do povo apreciado e admirado, que comandava o trio do bem composto por sua simplicidade, alegria e espontaneidade.

Por ser assim tão especial, em sua despedida ainda cantou pra subir, recebendo o carinho dos parceiros de sempre, no surdo do Mário, no cavaco do Pelé, no sopro do Paulo e no violão do doutor, com a sobrinha Bia Lobo fazendo as vezes no seu eterno pandeiro de ouro, e com a emoção do inseparável Beto, seu irmão camarada, que conduziu a homenagem no seu velho banjo com os olhos lagrimados, e um final emocionante com aquela que ele mais gostava de cantar: “Quem falou que o Villa morreu se enganou, o Villa não morreu nem morrerá”, e então eternizar de vez o seu grande coração de Leão.

O agora saudoso Kaio Lobo viajou fora do combinado, nos deixou na saudade e foi tocar seu pandeiro em outro patamar, com o grupo celestial e onde agora vai morar, fazendo sua festa com um samba de roda lá no céu.

Nossos sentimentos e nossas condolências aos familiares e amigos do Ricardo Barros, nosso querido Kaio Lobo. Até a próxima, se Deus quiser.