“Foram descartando a gente. Era o Cartão Postal do Villa Nova” Diz Emerson, líder da Charanga.

Em entrevista ao Portal Villa Nova, entenda a situação que faz com que a Charanga não esteja mais presente no estádio.

Ir no Alçapão e ver a Charanga tocar era uma coisa certa, presente em um lado da arquibancada onde costumam ficar os torcedores mais antigos e famílias, a animação geralmente vem dos instrumentos da Charanga que levantavam a galera para empurrar o time para vitória.

A Charanga do Villa Nova é um patrimônio cultural da cidade de Nova Lima, sendo conhecida e querida até por aqueles que não torcem para o Leão do Bonfim. A importância cultural é inegável, a Charanga do Leão é a segunda mais antiga do Brasil, ficando atrás só da do Flamengo.

Recentemente um grande baque atingiu o grupo quando um dos integrantes mais antigos do grupo faleceu, Dércio Félix era um Villanovense fanático e conhecido por todos no estádio. Sua partida comoveu muitas pessoas durante o período da Pandemia. Dércio partiu, mas seu legado ficou e a Charanga seguiu viva sob o comando de Emerson.

Entretanto, desde que o Villa Nova foi rebaixado em 2020 o grupo está afastado do estádio. A ausência do grupo é muito sentida pelos torcedores já que apesar da grande festa feita pela Pavilhão Vermelho na arquibancada da rua da bilheteria o outro lado que fica abaixo das cabines de imprensa fica moroso e só se levanta em momentos de gol ou em partidas mais decisivas.

Nós entramos em contato com o líder da Charanga Emerson que gentilmente falou conosco e explicou a situação além de contar curiosidades da banda. Confira abaixo:

Emerson, a Charanga é um dos maiores símbolos do Villa Nova, você poderia nos explicar a ausência dela nos últimos tempos? O que está acontecendo?

Emerson: A falta da charanga no campo, foi a própria diretoria que foi se renovando né? Foram descartando a gente. Disseram que estavam tendo muitos gastos e hoje em dia ninguém trabalha de graça, eles não queriam pagar quando a turma vai tocar no campo e quando quer pagar é daqui a quinze dias, daqui a um mês. Então foi esmorecendo o pessoal da charanga. Agora eu estou com uma programação pra poder fazer um toque na praça Bernardino de Lima no dia cinco do mês que vem (05/02) aniversário de Nova Lima e a charanga do Villa vai estar lá.

A charanga do Villa é a segunda mais antiga do Brasil, o que significa para você estar longe do estádio e não poder estar atuando junto ao Leão?

Emerson: Olha, tocar no estádio é muito emocionante. Cada vez que a gente entra ali naquele estádio, sentimos aquele calor, né? Aquela emoção grande de ver o Villa jogar. Ultimamente sinto falta daquelas pessoas mais antigas, né? Que já se foram, que amavam o Villa Nova e brigavam pelo Villa.

Recentemente nós tivemos a perda do Dércio Felix, o que a charanga significava para ele?

Emerson: A Charanga era quase que uma família pro Dércio. Eu comecei muito cedo com ele, eu participei de muita coisa junto com ele, tanto é que eu sou afilhado dele. Ele sempre passou o comando pra mim que eu seria o segundo substituto dele.

Dizem que tem jogador do time adversário que treme quando a charanga começa tocar, você acha que é verdade?

Emerson: É verdade sim. Muitas das vezes até pessoas dentro da torcida né? Tremiam quando ouviam a charanga tocar, antigamente eram cerca de uns trinta a quarenta componentes, uma coisa linda. Então tinha jogadores que se emocionavam de ver o peso que a charanga do Villa sempre teve.

Qual a música que a torcida mais gosta de ouvir?

Emerson: Bom, uma das músicas que o povo mais gosta de ouvir é o hino do Villa, Barracão de Zinco, Amantes e Vermelhou de Fafá de Belém.

Você se recorda dos jogos fora de Nova Lima que a charanga costumava a ir?

Emerson: Foram muitas viagens. Nós tivemos várias boas igual uma que foi para Guaxupé e o Villa Nova foi ganhou e na volta o motorista achou que estava indo no caminho certo mas na verdade era o errado (risos).

Foram muitos jogos, né? Muita vitórias, muitas conquistas nós tivemos. E a Charanga sempre esteve ali. Era o cartão postal do Villa Nova.