Nome histórico do Villa Nova, Enfermeiro Xerém relembra seu período no clube
O Portal continua a sua série em contar a história de pessoas que marcaram época no Villa Nova. Dessa vez trazemos uma história para lá de especial, a história do emblemático Xerém! O enfermeiro que trabalhou por cerca de 47 anos no Leão do Bonfim sempre foi uma pessoa querida e lembrada pelos torcedores, hoje com 96 anos de idade Firmino de Melo continua lúcido e muito atento a tudo que acontece a seu redor. Um verdadeiro guerreiro Villanovense fora das quatros linhas que segue com sua paixão intacta pelo Leão do Bonfim.
Com a ajuda de seu filho Paulo, o Portal conseguiu entrevistar o famoso torcedor que possui histórias incríveis vivenciadas durante sua trajetória no clube. Confira com exclusividade:
Como começou sua história no Villa Nova e qual foi o período?
Me chamo Firmino de Melo conhecido como Xerém. Sou enfermeiro e iniciei minha trajetória no Villa Nova no ano de 1962 após convite do Dr. Sebastião Fabiano, presidente do clube. Trabalhei no clube até o ano de 2009 e dentro das minhas atribuições realizava fisioterapia, medicação oral e injetáveis, era responsável pela farmácia do clube nos aspectos de controle de estoque e solicitações de compras e até suturas quando necessárias eu realizava.
Fui responsável por diversas vezes pelo departamento médico do clube nas viagens para jogos no interior de Minas e até no Brasil. Isto acontecia quando o médico do clube não tinha disponibilidade para viagens.
O que significou para você trabalhar tantos anos no Villa Nova?
Foi uma experiência totalmente diferente daquilo que estava acostumado a fazer. Trabalhei muitos anos no antigo SANDU (INSS) onde tinha como função atender os acidentados da antiga mina do Morro Velho.
Lá no SANDU muitas vezes os casos eram muitos graves diferentemente do ambiente de um clube de futebol, onde na sua maioria eu tratava de contusões musculares e realizava as medicações.
Relate histórias marcantes nesse tempo de Villa.
Na realidade vou citar fatos marcantes, e não histórias.
O principal foi o título de Campeão Brasileiro da Segunda Divisão em 1971, em jogo no antigo estádio Independência, lotado e até com bandeiras de outros clubes. Foi uma festa muita bonita, dava gosto ver aqueles jogadores suarem a camisa para garantir a taça.
Teve também o vice-campeonato mineiro de 1997, jogo contra o Cruzeiro no Mineirão lotado. Neste jogo a Federação Mineira de Futebol entregou equivocadamente o troféu de campeão para o Villa Nova e o de vice para o Cruzeiro, durante as comemorações o representante veio consertar o erro. Por alguns minutos segurei o troféu de campeão que quase conseguimos ganhar.
E para encerrar um fato que poucos tem conhecimento, na década de 1980 em um amistoso contra o Grêmio Novorizontino, no estado de São Paulo, o ônibus que levava a delegação do Villa passou em uma ponte onde sua capacidade de carga era muito inferior o peso total do ônibus. Isto foi à noite! Ficamos sabendo disso somente no hotel, quando o gerente nos perguntou por qual rodovia havíamos passado, e para nossa supressa sua fala foi; “Vocês nasceram de novo, a ponte em que vocês passaram está danificada e liberada somente para veículos leves, com peso máximo de 4 toneladas. Pela manhã somos até o local e confirmamos a informação do gerente. Graças a Deus que não aconteceu nada com a gente.
Como era sua relação com o Anisinho em 1997?
O Sr. Anisinho foi um bom presidente para o Villa Nova. Foi na sua gestão que chegamos ao vice-campeonato mineiro de 1997. Além do bom relacionamento com todo o plantel, o Anisinho acompanhava todas as partidas, e me dava todo o apoio e suporte para desenvolver minhas atribuições dentro do clube. Posso dizer que além de presidente, ele foi um amigo dentro do clube.
Qual ou quais foram as pessoas mais marcantes nesses anos de Villa?
É difícil citar nomes porque posso esquecer de grandes profissionais que passaram ao longo desse período. Mas, irei citar alguns como o Zé da Pomba, Pirulito, Índio, Dr. Sebastião Fabiano, Nélio, Vitor Penido, Dr. Gustavo, Dr. Otacílio, Dr. Alexandre, técnico Martim Francisco, Ramon fisioterapeuta, Rui Guimarães, dentre muitos outros que fizeram um ambiente bom de se trabalhar.
Sinta-se à vontade para abordar qualquer assunto sobre o Villa Nova
Hoje estou com 96 anos, e quase a metade deles foi dedicado ao Villa Nova, onde tive um ótimo aprendizado na área da medicina esportiva e muitas alegrias nas vitórias.
Infelizmente o Villa de hoje está longe daqueles do meu tempo, onde a camisa pesava mais do que os interesses pessoais e financeiros. Dava gosto de ver jogadores como Cassetete, Eberval, Moacir, Dias, Piorra, Jesum, Paulinho Cai-Cai, Pirulito, Zé Maurício, Milton, Cicinão, Elísio, Dirceu Bilisquete, Jurandir, entre muitos outros honrando a camisa e as cores do Villa.
Hoje, devido a algumas gestões, que comprometeram financeiramente e tiraram tudo do Villa, temos que contentar a princípio em procurar sobreviver do que almejar títulos. E por fim desejo sucesso para essa Diretoria atual e vida longa ao Leão do Bonfim!!!!