Crônica do Leão – Os reis das ruas
O fim de semana que passou foi marcado por partidas e despedidas muito sentidas por todos os novalimenses e villanovenses, quando dois personagens que podemos considerar verdadeiros Reis das nossas ruas nos deixaram, um viajando fora do combinado para brilhar lá em cima no seleto Bloco celestial, e o outro indo embora da cidade na tentativa de mudar de vida, situação que se fez necessária na busca de superar um adversário cruel e complicado, e que a muito tempo vinha lhe perseguindo impiedosamente.
Sempre que o encontrava na rua lhe dizia que um dia ainda conseguiria alcança-lo nas conquistas de troféus do Bloco dos Sujos, mas logo que passava o carnaval chagava a conclusão que meu desejo seria impossível de ser realizado, porque novamente ele faturava o prêmio como um dos melhores, diante de sua insuperável competência e criatividade para confeccionar suas fantasias, e sempre acompanhado de sua parceira inseparável, acabavam escolhidos como uma das melhores e mais admiradas e fotografadas do ano. O agora saudoso Geraldo ¾ era um sujeito querido por todos nós, educado e atencioso exercendo sua função de atendente na Policlínica, e depois do trabalho se mantinha como uma figura querida e admirada, naquela máxima de se dedicar apenas as coisas boas da vida, deixando a tristeza do lado de fora de forma categórica. Um dos maiores senão o maior ganhador daquele precioso troféu partiu agora de maneira rápida e silenciosa, sem deixar que a amargura lhe tomasse a alegria de viver, e passou a fazer parte do seleto bloco celestial dos carnavalescos lá do céu.
No mesmo dia da despedida do nosso eterno Rei do carnaval aconteceu a partida do outro, um Rei que ainda vive entre nós, mas que se continuasse por aqui certamente estaria com seus dias contados, completamente derrotado pelo inferno astral das drogas, vivendo na escuridão da dependência química sem a força necessária para buscar sua recuperação, rejeitando a ajuda daqueles que por várias vezes tentaram lhe levantar, ao se mostrar completamente impregnado pela força contrária que aumentava a cada dia. Um Rei bastante aclamado como um artilheiro nato, que brilhou nas décadas de 70 e 80 cobiçado por clubes de diversos estados do país, marcando muitos gols em todos os times que jogou, e se consagrando definitivamente como um goleador inesquecível para o torcedor villanovense, reinando no Bonfim por um longo tempo e fazendo a alegria da torcida alvirrubra. Só que agora aquele Rei de antes estava no fundo do poço e vagava pelas ruas da cidade, causando comoção a todos os que o queriam bem. Mas acabou abençoado pelo poder divino e foi resgatado por seus familiares que o levaram para o nordeste do Brasil, onde terá o apoio dos filhos conjuntamente com entidades credenciadas à sua recuperação, através de uma vigilância constante e com a esperança de leva-lo a um caminho novo, na busca de uma vida digna e de normalidade, para que ele consiga terminar seu tempo de existência com dignidade.
Os Reis da rua nos deixaram agora, um deles para descasar nos braços de Deus, e o outro para voltar a uma vida normal, mas com certeza serão sempre lembrados por todos nós.
Saudações alvirrubras, nosso abraço de condolências e sentimentos aos familiares e amigos do querido Geraldo ¾. Até a próxima se Deus quiser.
