Villa Nova completa 115 anos em meio a fase de reconstrução e bons momentos recentes em campo
Nesta quarta-feira (28), o Leão do Bonfim completou 115 anos de existência no futebol nacional. O Alvirrubro de tantas tradições, que carrega contigo o estandarte de maior clube campeão do interior mineiro, segue levando inúmeras tradições e conquistas escritas em sua história. Representando um passado glorioso, o Villa Nova passa por momentos de reconstrução e ‘sobrevida’, com um trabalho focado na mudança estrutural e buscando elevar o clube aos patamares que merece, na briga pelas primeiras posições do estadual e a recolocação no cenário nacional.
A HISTÓRIA: UM CLUBE FUNDADO POR OPERÁRIOS INGLESES E BRASILEIROS
O Villa Nova e sua história, deram seu começo exatamente no dia 28 de junho de 1908. A cidade de Nova Lima na época, que carregava o nome ‘Villa Nova de Lima’, tinha uma forte influência da mineração e dos imigrantes ingleses, que se abrigaram na cidade, traços que são presentes até os dias atuais. Na data de sua fundação, operários ingleses e brasileiros da mina de Saint John Del Rey, oficializaram a criação da instituição, definindo a composição da primeira diretoria executiva villa-novense. A diretoria ficou composta pelo presidente Adolpho de Magalhães, o Secretário/Tesoureiro José Furtado Leite, e o Capitão-geral G. F. Fellows.
O Leão é o segundo clube mais antigo de Minas Gerais, ficando ‘atrás’ somente do Atlético Mineiro, fundado em 25 de março daquele mesmo ano. Apesar disso, o clube foi o primeiro a entrar para a disputa de uma partida em gramados mineiros, quando enfrentou um amistoso contra o combinado da Lagoinha de Belo Horizonte, vencendo por 2 a 1, com gols marcados por George Morgan e Albert Clemence, os primeiros ‘scores‘ da história.
A primeira participação no Campeonato Mineiro ocorreu em 1927, que na época era conhecido como ‘Campeonato Citadino de Belo Horizonte’. Composto somente por clubes da capital, bem como estampava o nome naquele tempo, o time villa-novense foi um dos primeiros fora da capital a integrar o torneio. A demora entre o período de fundação do torneio em 1915 até 1927, foi alegado pela distância entre Nova Lima e BH, visto que eram tempos de maior dificuldade de locomoção. Desde a sua primeira participação, foram 93 edições disputadas ao todo.
TÍTULOS: O ‘PRIMOGÊNITO’ NO ESTADUAL E NACIONAL
Um fato interessante dentre as principais conquistas do Villa Nova, se dá pelo fato de ter pleiteado algumas marcas importantes, tanto na história do Campeonato Mineiro quanto Brasileiro. O Leão detém em sua trajetória, um título do Campeonato Brasileiro da Série B, 5 campeonatos mineiros, duas conquistas da Taça Minas Gerais, além de dois títulos do Mineiro Módulo II.
Os títulos do Campeonato Mineiro foram conquistados em 1932 (AMEG), 1933, 1934, 1935 e 1951. Nestas campanhas, o Villa leva o status de ter sido o primeiro Tricampeão seguido da era profissional do estadual, que se profissionalizou a partir de 1933, consequentemente, sendo um dos últimos campeões da era amadora, junto ao Atlético que conquistou o título pela LMDT.
As campanhas do tetracampeonato (1932 – 1935), ocorreram em pontos corridos, confronto de todos contra todos. Somente em 1934, com a tentativa de entrada dos clubes de Juiz de Fora, a equipe disputou uma final direta contra o Tupynambás, que era prevista uma ‘melhor de três’ entre o campeão citadino de Belo Horizonte e o campeão citadino de JF. Apesar da necessidade da melhor de três, somente uma partida foi disputada com vitória villa-novense por 2 a 0. Os outros jogos foram cancelados após a desfiliação da Liga de Juiz de Fora da FBF (Federação Brasileira de Futebol).
Em 1951, o Leão conquistou o primeiro turno e protagonizou a final diante do Atlético, campeão do segundo turno. Após dois empates seguidos, a decisão do título ficou no Independência em uma partida extra, quando o Leão bateu o Galo com gol de Vaduca, para conquistar o que ficou conhecido como Supercampeonato Mineiro. Esta foi a última conquista do Villa Nova no Estadual.
Vinte anos depois, em 1971, o Leão levantou sua bandeira a um patamar mais alto. Liderado por Martim Francisco, o Villa foi campeão nacional ao conquistar o Campeonato Brasileiro da Série B, a primeira edição da segunda divisão do Brasileirão, desbravando Central-RJ, Ponte Preta e Remo. O Villa foi o primeiro time a conquistar a Série B, conhecido na época como ‘Brasileiro da Primeira Divisão’.
ATUAL CENÁRIO: RECONSTRUÇÃO E A BUSCA PELA SAF
Recentemente, o Leão enfrentou um duro cenário que quase custou o encerramento das suas atividades. Refletido pelas más gestões, o Leão sofreu seu segundo rebaixamento no Campeonato Mineiro em 2020, fazendo a pior campanha em estaduais na sua história. No ano seguinte, meses antes da disputa do Módulo II, a subvenção municipal foi cortada por inúmeros motivos que eram impostos, para que o clube pudesse receber o recurso. A nova gestão formada por Bruno Sarti, Cláudio Horta e Tiago Tito (2020 – atual), chegou a anunciar que os dias poderiam estar contados, visto que o Leão não possuía um centavo em caixa, além de inúmeras dívidas trabalhistas.
A solução chegou diante de uma parceira, que protagonizou uma das maiores parcerias já vistas no futebol mineiro. O Coimbra Sports, de Contagem, clube-empresa gerido pelo Banco BMG, auxiliou o Villa na disputa do Módulo II de 2021, com o fornecimento do elenco e toda a estrutura da Águia. Com esta salvação em campo, o Leão conseguiu retornar para a elite com a conquista do segundo escalão mineiro, em uma campanha inesquecível.
Nas duas edições desde o seu retorno, o Villa brigou pela parte de cima da tabela, tendo chances reais de vaga na Semifinal, mas que ficaram ‘na trave’. Em 2022, o time alcançou o feito de ter sido o único fora de BH a não perder para nenhum clube da capital. O Leão disputou o Troféu Inconfidência por duas vezes, ficando com o vice-campeonato como melhor campanha neste ano, frente ao Tombense. Com a boa campanha em 2023, o Leão disputará o Campeonato Brasileiro da Série D em 2024, após quatro anos fora do cenário nacional. Além de aguardar uma possível vaga na Copa do Brasil, caso algum clube mineiro da Série A conquiste vaga para a Copa Libertadores do próximo ano.
A meta atual na reconstrução do Villa Nova, passa pela construção da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), e a busca por um investidor de peso quando a composição estiver completa e aprovada pelos órgãos competentes do clube. Várias são as especulações dos possíveis investidores, inclusive do próprio Banco BMG, mas fato é que a torcida aguarda todo este desenrolar para ver o clube alvirrubro passar a ‘viver’ ao invés de ‘sobreviver’, e alcançar voos maiores nos gramados do Alçapão do Bonfim e pelo Brasil.
ESTOU MUITO NA TORCIDA DESSE PROJETO DA SAF! SERIA UMA ÓTIMA OPORTUNIDADE PARA O CLUBE DISPUTAR NO MÍNIMO A SÉRIE B NACIONAL.